Meu primeiro encontro com Manito (Antonio Rosas Sanchez), foi em 1961 na casa do baixista Neno (Demerval Teixeira Rodrigues) e do irmão saxofonista Irupê, meu companheiro de escola no seminário, na Avenida Santa Efigênia, ainda não invadida pelo comercio. Lá nos encontramos pela primeira vez pessoalmente; Neno, Mingo, Risonho, Manito e Eu, e foi lá que topamos encarar esse sonho, e junto com Aguillar, montamos o grupo musical The Clevers, que em 65 mudou de nome para Os Incríveis.
Super pessoa de coração bom e que baita músico! Toninho, como era chamado por sua família, era amigo de qualquer pessoa que precisasse de um amigo, e irmão de todos. O bem do mano espanhol que cresceu na dificuldade de um sistema ao qual parecemos não pertencer, não tinha medo do mal. Naquela alma tinha, digo, tem latente em cada nota em compassos e melodias, a quantas mãos por todos os tempos, a verdadeira arte musical.
Foram mais de 30 anos, entre muitas histórias de glórias, éramos parceiros para o que viesse e, briga também fazia parte. Todo casal briga. Irmãos de todas as nações do mundo brigam. Amigos, vizinhos e principalmente bandas musicais também brigam. Os dois Incríveis mais chamados de briguentos no início da banda entre os anos 60 e 70 eram, Manito e Eu. Talvez por instinto de confiança pela nossa grande amizade, nos descontávamos as broncas e insatisfações do dia, quando não mais conseguíamos segurar ter que engolir até jiló com quiabo pra acompanhar sopa de rã, do princípio de que quem procura, acha. Brigávamos até no palco no meio de shows, daquelas em que se alguém resolvesse apartar, apanhava dos dois, e depois saíamos por aí, sempre juntos.
Entre tantas risadas e pirações, por quantos céus de brancas nuvens e noites de trovoadas, até show em praça pública nós dois encaramos juntos; certa vez em que o guitarrista e o baixista, que também eram os vocalistas do quarteto que tínhamos armado para nos apresentar para milhares de pessoas em uma praça, não apareceram. Sabíamos que o show não podia parar, e assim fizemos uma apresentação diferente; um show instrumental somente com um sax e uma bateria, sem instrumento de harmonia.