Uma vez, trocando idéias com a amiga Rita Lee, eu disse a ela: – Em um dos livros psicografados pelo Chico, entendi que de todos os artistas ao redor do nosso planeta, o músico é aquele que vive à beirinha do abismo! Ela respondeu no ato. – Ainda bem que a gente sabe voar, né? …É a Rita!
A música vai além do horizonte, e um músico deve acreditar saber voar pra entender e amar a música. …Assim, eu me sinto melhor!
É interessante notar que quando se fala dos anos 60, costuma-se ouvir de conterrâneos que essa foi a melhor época da sua vida. A geração de ouro, da qual eu também faço parte e que transformou nossa vida para melhor, mais livre e mais colorida.
Eu não questiono, mas será tanto assim? Acho sim, que foi uma nova atitude liberal importante para a conscientização geral do ser como humano. Um reinício no caminho para a fraternização de entendimento entre todos os povos que tem necessidade de alto conhecimento na busca da verdade, e no espelho da espiritualização pela reencarnação, a esperança. Amor e caridade, direitos e igualdades… e compaixão irmão!
A música sempre teve grande influencia nas revoluções de mudanças de comportamentos. As notas musicais são as que mais falam de amor. Eu diria que os anos que antecederam essa nossa época dourada, foram tecnicamente e musicalmente mais ricos. A música quanto mais antiga, melhor executada é, pela emoção. Entre talentos natos e dons em fortes paixões nas artes do sentimento, tarefas árduas com provação no sistema atual, e a frágil missão que se arrola, transformam-se em obras imortais.
Eu me pergunto, por onde andam as grandes orquestras e os espaços que se davam aos bons musicistas, principalmente nas gravações? Não existe mais aqueles belos solos instrumentais nas músicas pops que hoje se repetem nas milhares de rádios deste nosso país, procurando somente pela melhor oferta… é mole? Não, é triste! Imaginar que a tecnologia veio pra facilitar!
A arte não parece estar em extinção… Só deu lugar ao carnaval!
Entre os músicos costuma-se dizer que não existe música ruim, existe sim, a música mal tocada. Por isso ouço de tudo. Dependendo do momento, costumo ouvir desde Strawinsky e Villa Lobos a Zawinul e Hermeto, ou um bom jazz da época do preto e branco apresentados em traje de gala. Entre diversos sabores de fuzions internacionais, as vezes um bom bolero a la King Cole, ou aquele bom rock and roll ainda na veia!
Sou um eterno apaixonado pela música brasileira, mas no meu entender; sertanejo de raiz não é pop romântico, e um bom samba não é pagode, assim como xaxado e baião não são axé! Ah! Os bons instrumentais e os ritmos de percussão das diversas regiões do Brasil. Um maracatu que ainda é nosso, como eu gosto… Da batucada e dos chorinhos.
Não quero me ver cuspindo no mesmo campo em que eu cresci jogando. Tento entender e me aceitar também como produto da mídia. Faço parte da grande parada popular musical que explodiu nos anos 60. Sei que sou pop, e não sei viver sem isso. Música pra mim é em tempo integral… ou também mando o Lima*!
Música, segundo alguns escritores é: Expressão e sensação de sentimentos, que canalizados para o bem realizam milagres. A música, empregada com a finalidade sagrada em reverenciar o ser supremo e criador, é de elevar as almas às alturas por esferas espirituais, criando a harmonia ao atingir o íntimo de cada alma.
A influência da música atua sobre todos nós, acelerando ou retardando as batidas do coração. Relaxando ou irritando os nervos, ela influi na nossa respiração, na digestão, alterando processos sociais intelectuais e mentais. No início é como uma gota de impulsos naturais, qual bacia de alegria dependente que sacia o povo. O novo! Ao sucesso!
(*) Mandar o Lima – expressão usada entre os músicos quando um não comparece pra tocar… Manda o Lima!